quinta-feira, 13 de maio de 2010

O mundo está caindo sobre nós...

Ou já caiu e só agora estamos nos dando conta disso. Tá complicadíssimo. Até março, quando do meu último post, as coisas estavam relativamente bem.Nesse dia comentei que ao voltar da Paraiba eu encontrei a mãe muito debilitada...e claro, não era por saudade de mim não. Ela realmente deu uma "piorada" violenta. Está pesando uns 35/36 kg no máximo. Não come, embirra, enfim...se deixar só come arroz e ovo. Eu levo o almoço pra ela...deixava que fizesse o arroz e o feijão, pra se sentir útil e eu providenciava as misturas - carnes, saladas, legumes e verduras cozidas. Eu moro no apto. debaixo do dela, telefonava dizendo que estava subindo e quando lá chegava, eis que ela estava terminando de comer, oque? arroz e ovo frito. Uma tarde de domingo passou mal, fraqueza - levamos ao hospital do convênio, recebeu bastante soro e saiu "novinha em folha". A alegria durou uma semana e a rotina voltou. Agora pegou uma mania - ou desenvolveu mais uma característica da enfermidade, não sei. Mas não pode ver os filhos reunidos,ou os netos...ela se afasta, deita e como afirma minha irmã, "se finge de morta"...Pode chamar, gritar, fazer oque quiser... ela demora pra "acordar" e responder. Ou então diz que está passando mal do estômago...ou qq outra coisa. Desde que chame atenção. Na verdade, ela tem uma saúde ótima...tudo perfeito: colesterol, pressão, triglicerides...não tem infecção urinária, nenhum mal físico. Só a memória mesmo é que está cada dia pior. Nos últimos 15 dias está realmente um horror. Passa a maior parte do tempo dormindo. Só se alimenta porque eu subo toda hora com alguma coisa diferente - bolo, sustagem, vitaminas, sopas, etc e tal. Come tão pouco, tão pouco que dá desespero. Outro dia conseguiu almoçar metade de uma almôndega e só. Nós os filhos estamos totalmente perdidos. Meu irmão está novamente passando um tempo com ela, mas trabalha o dia todo e só volta à noite...pelo menos ela tem companhia à noite. Eu continuo subindo a escada a cada hora. Ela já não sai mais sozinha pela rua, só quer ficar deitada. A zeladora do prédio, que a conhece há 5 anos outro dia me contou que a encontrou outro dia há uns 20 m. de casa, totalmente perdida, falando sozinha "onde estou?onde estou?" e virando em volta. Ela a levou até o apto. mas a mãe não a reconheceu, perguntou quem era ela e onde morava. Depois outra vizinha disse que a mãe bateu na porta dela dizendo que era pra me chamar em casa que ela não estava bem. A vizinha veio até o meu apto. mas eu havia ido até a padaria...voltei em seguida e a vizinha me disse que perguntou à mãe se tinha algum telefone que pudesse me chamar. A mãe disse a ela que não, que ninguém dá o telefone pra ela e que ela também não tem telefone em casa...Puro delírio, ela tem tudo bem detalhado em lugar de facil acesso...e claro, tem telefone na cabeceira da cama.
Bem, a familia - meus irmãos e eu, estamos totalmente sem saber como agir ou oque fazer: pagar para alguém ficar com ela, não é possível. Nem a faxineira que ela conhece há 15 anos ela quis mais...a moça faz a faxina quando a tiramos de casa. Asilo, nem pensar, ela ainda tem muita lucidez e isso seria enviá-la pra morte. Pensamos e encontramos, depois de muita busca, uma casa de repouso ótima, que trabalha com o sistema "day care". Não é tão barato, mas pensamos em levá=la pelo menos duas vezes por semana para poder ter contato com pessoas da mesma idade e onde há fisioterapeuta e terapeuta ocupacional...Mas ela cismou que a queremos internar e avisou que vai fugir e que ninguém mais saberá dela.
Pessoa difícil ela sempre foi... agora está impossivel.
Que fazer? qual a melhor opção? como não sentir culpa?? (pq seja lá o que façamos, parece sempre que não é o mais certo)...
enfim, vamos esperar pra ver.
Semana que vem a levarei para o day care e ficarei junto todo o tempo necessário para que ela se adapte.
Ufff.

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