segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

24 de janeiro de 2008

Hoje me deu tristeza. Iamos à padaria - eu normalmente não gosto que ela me acompanhe a lugar algum, temos problema sério de relacionamento, a agora por causa desse diagnóstico, sempre que vou à rua por perto, a convido a ir junto. Sei que isso fará bem a ela. Bem, íamos à padaria e ela comentava comigo que "A pior coisa é ficar velho...você perde os valores... você perde a referência e passa a ser um nada". Me doeu isso. Mas disse que não é bem assim, que cada idade tem seu valor... e que a pessoa precisa procurar sempre estar informada, pra poder acompanhar os mais jovens. Fisicamente não dá, mas intelectualmente sim.Mas ela insistiu em que ser velho é a pior coisa... porque ninguem dá valor.
Eu sou impaciente com ela, sempre fui. E agora fico mais impaciente ainda, mas me controlo para ela não perceber... afinal, já basta o sofrimento de se sentir velha e sem valor, não precisa de meu reforço com impaciência.
O que cansa, o que dói... é ver que posso falar o que quiser... parece que ela não assimila...não "realiza". Mas vamos seguindo.

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22 de janeiro de 2008

Finalmente me dispus a iniciar este blog. Venho pensando nisso há uma semana, mas acho que inconscientemente ainda não aceito a verdade: o diagnóstico médico para a enfermidade de minha mãe. Alzheimer. Inacreditável, isso não existe na família. Quer dizer, tive uma tia que ficou muito esquecida e deu trabalho, mas... nunca ninguém comentou sobre isso. Mas a minha mãe sim, ela tem a enfermidade...ainda que me pareça absurdo.
Lendo num site de ajuda a cuidadores (não me recordo o nome agora, mas assim que me lembrar anoto aqui), vejo que realmente ela apresenta muitos dos sintomas. A médica geriatra que cuida dela pelo Convênio, ao ser questionada por mim ainda no mês de outubro, disse que eu não me preocupasse. Os esquecimentos e o início da depressão seriam só coisas da idade, mas que retornássemos em janeiro próximo para acompanhamento. Não deu outra. A Dr. Paula fez vários testes, uma vez que minha irmã relatou a ela oque estava acontecendo: o fato de minha mãe guardar as coisas cada dia num lugar diferente e nunca as encontrar, as interrupções às conversas, feitas com brincadeiras sem sentido, enfim, atitudes estranhas.

Agora uma batelada de exames. Já foram realizados, só falta o resultado sair... lá pelo dia 4 ou 5 de fevereiro.
Mas a partir do momento que sei do diagnóstico, passo a observar... e me entristecer... ou me irritar, muitas vezes. Sim, porque parece que certas coisas ela faz de propósito. Não dá pra acreditar que seja sem pensar. Mas vou me armando de paciência. Sei que não será fácil.

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